domingo, 19 de julho de 2015

Celular e trânsito. Fiscalização branda para infração perigosa

Fonte: http://www.opovo.com.br/
19/07/2015
Cotidiano: Todo motorista aprende que não pode utilizar o celular enquanto dirige, mas as ruas de Fortaleza estão cheias de exemplos da infração. Nova forma de fiscalização pode otimizar repressão

CHICO ALENCAR/ESPECIAL PARA O POVO
Flagrar motoristas usando celular é comum. De janeiro a maio de 2015, 1.669 foram multados por isso
Soa o alerta de que uma mensagem chegou, e a tentação de saber o que o celular diz é grande. A situação pode ser inofensiva, mas tem potencial nocivo quando a atenção tem de ser compartilhada com o trânsito. Procurando pelas ruas da Capital, não é uma missão difícil encontrar condutores desrespeitando a regra de não misturar o volante com mensagens e ligações.
A facilidade, contudo, diverge do índice de multas aplicadas pela Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) pelo motivo. De acordo com nota do órgão, a combinação é apenas a sétima causa de multas em Fortaleza: de janeiro até maio, foram 1.669 as infrações por “dirigir utilizando telefone celular”. “É uma infração que acontece muito mais que o que é identificado”, admite o superintendente da AMC, Arcelino Lima, que deposita as dificuldades em dois fatores: o hábito de o fortalezense utilizar películas que escurecem os vidros dos carros e a efemeridade das ocorrências.

A expectativa, ele afirma, é de que uma nova forma de fiscalização, autorizada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) em junho, otimize a repressão da prática. “A nova resolução permite que a gente faça a fiscalização com câmeras de vídeo instaladas na Cidade”, diz Arcelino. Qualquer ocorrência de trânsito, ele indica, poderá ser autuada através do videomonitoramento. “A gente espera que, assim, o motorista, quando souber que está sendo mais vigiado, diminua esse tipo de infração”.

Multifunção
Quando os telefones ganharam a mobilidade, as ligações eram o grande problema. Hoje, com mil e uma funções em apenas um aparelho, a questão pode se agravar. Dirceu Rodrigues, chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), afirma que a ocorrência de acidentes é quatro vezes maior quando o motorista está no celular. “Digitando, aumenta para seis vezes esse risco”. O motivo, justifica, é o maior tempo que a atividade demanda. Flávio Cunto, professor do Departamento de Engenharia de Transportes (DET-UFC), ratifica a posição: “Esse tempo pode ser crucial para causar ou evitar uma colisão”.

Segundo Arcelino, a AMC não tem ferramentas para cruzar a ocorrência do acidente com o fator causador. Por isso, não há estatísticas de quantos acidentes são causados pelo uso do celular em Fortaleza. “Incrementar o sistema de coleta de informações”, antecipa, é uma meta.

Por um lado, pontua o professor Flávio Cunto, a inserção da tecnologia trouxe benefícios e facilidades ao motorista, mas ela vem junto a possíveis revezes. “Tem parte positiva, que é a gestão do trânsito, mas tem o lado negativo: uma parcela das colisões é causada por essa prática”, aponta. A recomendação, ele frisa, é de que o condutor estacione o carro e, apenas então, recorra ao aparelho. (Mariana Freire)

A lei

O que diz a o Código de Trânsito Brasileiro
ART. 252. Dirigir o veículo:

I - com o braço do lado de fora;
 
II - transportando pessoas, animais ou volume à sua esquerda ou entre os braços e pernas;
 
III - com incapacidade física ou mental temporária que comprometa a segurança do trânsito;
 
IV - usando calçado que não se firme nos pés ou que comprometa a utilização dos pedais;
 
V - com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo;
 
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou de telefone celular;
 
Infração - média (quatro pontos na Carteira Nacional de Habilitação);

Penalidade - multa (R$ 85,13).

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