23/01/2016
Do total de 4.019 homicídios, 2.003 casos foram registrados entre a sexta-feira e o domingo. Turno de maior incidência foi a noite
Thiago Paiva
Metade dos 4.019 assassinatos registrados no Ceará em 2015 aconteceu nos fins de semana. Segundo levantamentos da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a incidência desse tipo de crime nas sextas-feiras, sábados e domingos foi de 49,8% — equivalente a 2.003 mortes. Enquanto a média diária de assassinatos em 2015 foi de 11 casos, nos fins de semana, houve quase 13 mortes a cada dia.
O turno da noite foi o que teve maior incidência. O intervalo entre as 18 horas e as 23h59min concentrou 45,6% dos assassinatos no Estado (correspondente a 1.831 mortes). As segundas-feiras tiveram a menor quantidade, com 11,7% dos registros.
Na avaliação do sociólogo Marcos Silva, professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), a concentração das mortes nos fins de semana pode estar ligada à rotina das pessoas nesses dias. “O homicídio é uma forma de violência que ocorre a partir de conflitos interpessoais, seja pelo tráfico de drogas ou outros motivos. A possibilidade de ocorrer é maior nesses dias pelos aglomerados de pessoas, por lazer, em ambientes festivos”, defende.
Consumo de drogas
Pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcos Silva acredita que as particularidades da motivação dos assassinatos são comuns em grandes capitais e derivam do consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas, que são “propulsoras” de conflitos interpessoais, em situações vividas, em sua maioria, nos fins de semana. “As relações de sociabilidade se condensam nesses momentos de lazer e propiciam condições favoráveis à prática criminosa”.
Secretário-adjunto da Segurança Pública, o coronel Lauro Prado também atribui a incidência de assassinatos à concentração de pessoas em eventos que costumeiramente se dão nos fins de semana. Ele aponta, inclusive, que esses eventos acabam impactando na distribuição do policiamento ostensivo, com o deslocamento de viaturas para locais de aglomeração.
“A combinação de festas e bebidas, principalmente à noite, sempre acaba prendendo viaturas em ocorrências, prejudicando o trabalho preventivo. Porque os carros ficam empregados nos flagrantes e demoram a voltar às ruas. Aumentam os procedimentos e diminui o número de delegacias, que funcionam somente nos polos plantonistas”, avaliou.
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