11/12/2015 - 15h34
O relato da jovem que sofreu violência física e psicológica do namorado e pai de sua filha foi divulgado pela BBC São Paulo. A história é um alerta para a importância das denúncias de violência doméstica, que podem ser feitas pelo 180
Uma jovem de 20 anos, que sofreu agressão do namorado e pai de sua filha, resolveu denunciar a violência sofrida, mas foi orientado por um delegado a “ir pra casa” e resolver “na conversa”. A denúncia ocorreu após dois anos e meio de violência física e psicológica, mas foi após sair do emprego, durante a gravidez, que as agressões contra ela aumentaram.
"Ele me fazia sempre ser a culpada de tudo. Depois que eu engravidei, eu precisei sair do emprego, tive alguns problemas na gravidez e ele percebeu que eu estava 'presa' a ele", relatou a moça à BBC São Paulo. A jovem contou que a gota d'água foi quando ela foi enforcada, e a filha deles, de dez meses, caiu no chão.
"Acordei nervosa e liguei pro 190. Tranquei-o dentro da casa. Demorou 45 minutos para a viatura vir até minha casa, e eu estava passando muito mal. Quando o policial chegou, ele veio apertando a mão do meu namorado, cumprimentando...falou: 'Boa noite senhor, tudo bem?'. O cara tinha acabado de me bater, eu não podia acreditar. Fomos até a delegacia da Polícia Civil. Colocaram nós dois na viatura, ele não foi algemado, foi do meu lado. O policial foi falando várias coisas. 'Vocês estão de cabeça quente, não precisa fazer B.O., isso vai ferrar a vida dele'", contou a jovem.
Quando o casal chegou na delegacia, a jovem disse que o delegado questionou se ela "queria mesmo fazer isso". "Vocês vêm aqui todo dia por causa dessas coisas de mulher e depois fica tudo bem. Ele vai perder o emprego e não vai adiantar nada porque daqui a pouco vão pagar a fiança e ele vai sair ainda mais bravo com você. Essas marcas aí? Estão tão fraquinhas... até você chegar no IML (para fazer exame de corpo de delito), já vão ter desaparecido’’, teria dito o policial civil.
situação deixou a vítima com medo e fez com que ela desistisse da denúncia, naquele momento. "Fui caminhando, eu com a minha filha no colo e, por 40 minutos até em casa, ele (namorado) veio atrás de mim fazendo ameaças", escreveu.
Confira o restante do relato, na íntegra:
''Na minha interpretação, quando tem agressão, tem que ter uma conversa ao menos com o cara para dizer o que pode acontecer com ele. Bota ele numa palestra educativa ou qualquer coisa. Para ele entender que o que está fazendo é errado. Mas o que eles fazem é botar a culpa na mulher, ela fica pensando que vai ferrar a vida do cara.
A verdade é que se você quiser levar isso para a frente, você vai passar por muita humilhação. Eu tenho certeza de que se hoje em dia ainda existem tantas mulheres que são agredidas e não denunciam, é por causa disso, porque ela sabe que vai ser humilhada. E quem viu o que eu passei, não vai denunciar, porque desestimula.
O pior é saber que ele vai continuar fazendo isso. Fez com a antiga namorada dele, porque ela me contou depois que nós começamos a namorar. E vai fazer de novo, porque sabe que não vai ser punido.
Minha filha ficou muito mal com isso, até hoje ela ouve qualquer barulhinho e já fica desesperada, chora copiosamente. Minha sensação é que sou tão insignificante, tão pequena, que ele pode pisar o quanto quiser em mim que nada vai acontecer. Você não pode contar com ninguém. Você se sente sozinha.
Eu até ia voltar com ele porque não via saída. Fiquei sem dinheiro para criar minha filha. Mas eu tive força dos amigos e consegui ficar longe".
Saiba como denunciar
A denúncia de violência doméstica pode ser feita em qualquer delegacia, com o registro de um Boletim de Ocorrência, ou pelaCentral de Atendimento à Mulher (Ligue 180), serviço da Secretaria de Políticas para as Mulheres. A denúncia é anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o Brasil.
"Ele me fazia sempre ser a culpada de tudo. Depois que eu engravidei, eu precisei sair do emprego, tive alguns problemas na gravidez e ele percebeu que eu estava 'presa' a ele", relatou a moça à BBC São Paulo. A jovem contou que a gota d'água foi quando ela foi enforcada, e a filha deles, de dez meses, caiu no chão.
"Acordei nervosa e liguei pro 190. Tranquei-o dentro da casa. Demorou 45 minutos para a viatura vir até minha casa, e eu estava passando muito mal. Quando o policial chegou, ele veio apertando a mão do meu namorado, cumprimentando...falou: 'Boa noite senhor, tudo bem?'. O cara tinha acabado de me bater, eu não podia acreditar. Fomos até a delegacia da Polícia Civil. Colocaram nós dois na viatura, ele não foi algemado, foi do meu lado. O policial foi falando várias coisas. 'Vocês estão de cabeça quente, não precisa fazer B.O., isso vai ferrar a vida dele'", contou a jovem.
Quando o casal chegou na delegacia, a jovem disse que o delegado questionou se ela "queria mesmo fazer isso". "Vocês vêm aqui todo dia por causa dessas coisas de mulher e depois fica tudo bem. Ele vai perder o emprego e não vai adiantar nada porque daqui a pouco vão pagar a fiança e ele vai sair ainda mais bravo com você. Essas marcas aí? Estão tão fraquinhas... até você chegar no IML (para fazer exame de corpo de delito), já vão ter desaparecido’’, teria dito o policial civil.
situação deixou a vítima com medo e fez com que ela desistisse da denúncia, naquele momento. "Fui caminhando, eu com a minha filha no colo e, por 40 minutos até em casa, ele (namorado) veio atrás de mim fazendo ameaças", escreveu.
Confira o restante do relato, na íntegra:
''Na minha interpretação, quando tem agressão, tem que ter uma conversa ao menos com o cara para dizer o que pode acontecer com ele. Bota ele numa palestra educativa ou qualquer coisa. Para ele entender que o que está fazendo é errado. Mas o que eles fazem é botar a culpa na mulher, ela fica pensando que vai ferrar a vida do cara.
A verdade é que se você quiser levar isso para a frente, você vai passar por muita humilhação. Eu tenho certeza de que se hoje em dia ainda existem tantas mulheres que são agredidas e não denunciam, é por causa disso, porque ela sabe que vai ser humilhada. E quem viu o que eu passei, não vai denunciar, porque desestimula.
O pior é saber que ele vai continuar fazendo isso. Fez com a antiga namorada dele, porque ela me contou depois que nós começamos a namorar. E vai fazer de novo, porque sabe que não vai ser punido.
Minha filha ficou muito mal com isso, até hoje ela ouve qualquer barulhinho e já fica desesperada, chora copiosamente. Minha sensação é que sou tão insignificante, tão pequena, que ele pode pisar o quanto quiser em mim que nada vai acontecer. Você não pode contar com ninguém. Você se sente sozinha.
Eu até ia voltar com ele porque não via saída. Fiquei sem dinheiro para criar minha filha. Mas eu tive força dos amigos e consegui ficar longe".
Saiba como denunciar
A denúncia de violência doméstica pode ser feita em qualquer delegacia, com o registro de um Boletim de Ocorrência, ou pelaCentral de Atendimento à Mulher (Ligue 180), serviço da Secretaria de Políticas para as Mulheres. A denúncia é anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o Brasil.
Redação O POVO Online
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