19/12/2015
Joaquim Barbosa, então ministro do Planejamento, foi anunciado ontem como titular Fazenda. Já Valdir Simão, que era ministro-chefe da CGU, foi para o Planejamento. Em pronunciamento, eles falaram em continuidade
WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL
Nelson Barbosa e Valdir Simão fizeram pronunciamento ontem à noite, depois de terem sido confirmados, respectivamente, na Fazenda e no Planejamento
Depois de muito tempo no “cai, não cai” de Joaquim Levy, o Brasil tem um novo ministro da Fazenda. No seu lugar, assume Nelson Barbosa, que estava à frente do Ministério do Planejamento. A confirmação foi feita ontem pela Presidência da República, por meio de comunicado à imprensa. No Planejamento, fica Valdir Simão, que deixa o posto de ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU). No seu lugar, assume interinamente Carlos Higino, que era secretário-executivo do órgão.
Em meio à desconfiança do mercado financeiro, Barbosa entrou com o discurso de seguir o ajuste fiscal iniciado por Levy e manter os planos do início do Governo, como aprovar as reformas estruturais no Congresso Nacional.
A decisão pelo novo ministro da Fazenda foi realizada diante da dificuldade de encontrar uma pessoa de fora do Governo que aceitasse a função, que sofre interferência direta da presidente Dilma, e em meio à crise política e econômica. Nome que tem aval do ex-presidente Lula (PT), apesar de técnico, Barbosa transita melhor no meio político. Isso é visto como vantagem pelo Governo, já degastado, que tenta implantar medidas impopulares do ajuste fiscal.
Em coletiva de imprensa na noite de ontem, logo após confirmado como ministro, Barbosa afirmou que está mantida a meta de superávit em 0,5% do Produto Interno Bruno (PIB) para 2016. “A política fiscal continuará a buscar reequilíbrio, elevar o resultado primário e controlar a inflação. Na medida em que ficar cada vez mais claro que o Governo continua em busca do reequilíbrio fiscal, as avaliações negativas do mercado tendem a se dissipar e melhorar”.
Antes da entrevista, Barbosa fez pronunciamento. Começou agradecendo o trabalho de Joaquim Levy nestes 11 meses à frente do Ministério. Também afirmou que o maior desafio do Governo hoje é o ajuste fiscal. “Estamos numa fase de ajustes e construção das bases de um novo ciclo de crescimento”.
Para ele, o foco da política econômica continua sendo o reequilíbrio fiscal e haverá empenho para redução da inflação. Barbosa disse que espera contribuir com “bastante diálogo” com outros ministros, empresários e sociedade. “É preciso continuar no esforço do equilíbrio fiscal e avançar mais nas reformas estruturais de longo prazo. Isso envolve controle dos gastos obrigatórios. O item principal nesse caso é a Previdência”. Ressaltou ainda que estão ocorrendo diálogos para construir uma proposta de reforma da Previdência.
Valdir Simão
Também presente na coletiva, o novo ministro do Planejamento, Valdir Simão, afirmou que o ajuste não é, por si só, suficiente para o equilíbrio fiscal. Com um discurso rápido, de apenas três minutos, após dez minutos de Barbosa, Simão afirmou que buscará colaborar para que o Governo implemente políticas públicas de qualidade. “A reforma fiscal é importante e o Ministério contribuirá fortemente pra que possamos fazer ajustes estruturais, especialmente nas despesas obrigatórias”.
O restante da sua fala se ateve a explicar como ficará a CGU. O órgão se manterá como ministério. “A CGU é a auditoria do Governo. O Ministério do Planejamento garantirá que os resultados aconteçam. A auditoria é uma linha que verifica o ambiente de controle de cada órgão”, diz. Para ele, gestão e controle são duas faces da mesma moeda. (colaboraram Andreh Jonathas e Nathália Bernardo)
Perfil dos ministros
Perfil dos ministros
Nelson Barbosa
O novo ministro da Fazenda é Ph.D em Economia pela New School for Social Research, de Nova York. Foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda entre 2011 e 2013, quando a pasta era comandada por Guido Mantega. Anteriormente, exerceu outras funções no Governo, como a de secretário de Acompanhamento Econômico e secretário de Política Econômica. Assumiu o Ministério do Planejamento neste ano. Na época, foi bem recebido pelo mercado, junto de Levy e Alexandre Tombini (presidente do Banco Central). As expectativas em torno da equipe técnica, no entanto, foram frustradas ao longo deste ano.
Valdir Simão
Ministro-chefe da CGU desde janeiro de 2015, Simão é auditor-fiscal da Receita Federal desde 1987. Em 2000, foi para a superintendência do INSS em São Paulo. No mesmo ano passou a dirigir a Receita Previdenciária até 2003. Entre agosto de 2005 e abril de 2007 foi presidente do INSS, posto que deixou para ser secretário-adjunto da Receita e assessor especial da Previdência Social. Simão voltou ao INSS em 2008 até 2010. Em 2011, foi secretário da Fazenda do Distrito Federal. Deixou o cargo para ser secretário-executivo do Ministério do Turismo. Em 2013, passou a assessor especial do gabinete de Dilma Rousseff. No ano seguinte assumiu a Secretaria-Executiva da Casa Civil até ser chamado para a CGU.
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