24/10/2015
População e especialistas divergem sobre estudos alternativos. O POVO visitou a Praça Portugal e colheu opiniões de pessoas que trabalham e transitam pelas imediações do lugar
No coração da Aldeota e com destino incerto, a Praça Portugal volta a provocar debates. De um lado, aqueles que ainda não veem na praça razão suficiente para permanecer ali como um “bloqueio” ao fluxo do trânsito da Capital. Do outro, quem desenvolveu pelo lugar vínculos afetivos, marcados pelos anos em que a praça serviu de descanso e lazer.
Antes com proposta de demolição para viabilizar modificações de tráfego, a Praça Portugal vive, hoje, uma nova etapa: na última quinta-feira, 22, foi divulgado que o prefeito Roberto Cláudio (PDT) analisa um projeto que, apesar de reduzir em quatro metros o diâmetro do logradouro, recua da demolição.
Leôncio Ferreira, 52, autônomo, acredita que a proposta em estudo é boa porque “não vai mexer muito nas árvores”. Para ele, que rejeita a ideia de demolição da praça, ideal seria que a prefeitura requalificasse o lugar. Já para o motociclista Wilton Mendes, 35, a derrubada da praça em virtude do cruzamento - proposta inicial, que “cortaria” o logradouro em quatro áreas menores - ainda é a única solução para a melhora do trânsito.
Há anos trabalhando em bancas de revista na praça, os vendedores Kátia de Sousa, 50, e Raimundo Cardoso, 56, mantêm a posição: querem que tudo continue do mesmo jeito. “Até depois dessa mudança (do binário Santos Dumont/Dom Luís), tem momentos em que congestiona, mas já foi pior. Hoje, está tranquilo”, argumentou Kátia. “Do jeito que está aí, está bom”, completou Raimundo, que não aprova o projeto alternativo. Luiz Carlos, 30, assim como Wilton, prefere o cruzamento. “Numa rotatória, o correto é dar sempre a preferência. Aqui foge ao padrão. Ninguém para”, alegou.
De acordo com proposta alternativa à demolição, a praça seria mantida com a redução de quatro metros do diâmetro
Especialistas
Apesar de apontarem ressalvas e de saberem que o projeto alternativo não anula a possibilidade de demolição da praça, especialistas comemoram a atitude do Executivo municipal. “Precisamos flexibilizar, tirar um pouco mais da praça para mantê-la como elemento simbólico”, considerou o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza (Unifor), Euler Muniz. Para ele, é preciso, no entanto, que “o lado dos que estão defendendo (a praça) se abra para a discussão, para chegar ao consenso”, completou.
Márcia Sampaio, representante do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/CE) no Conselho Estadual do Patrimônio (Coepa), onde é vice-presidente, vê “com bons olhos” o estudo. “Fora um ou outro detalhe de planejamento, vejo uma sinalização positiva. Se a prefeitura tivesse aberto ainda mais o diálogo, teria tido a oportunidade de se beneficiar muito”, ponderou.
Como a ação está em etapa inicial de estudo, a Prefeitura não dá detalhes sobre a proposta, tampouco sobre impacto financeiro ou no trânsito. O prefeito só irá se manifestar publicamente caso a gestão efetivamente opte pelo projeto.(colaborou Ellen Chelsea/Especial para O POVO)
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