quarta-feira, 28 de março de 2012

Canal transborda e alaga unidades do Centro de Ciências Agrárias

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1120324
28.03.2012
 
O prefeito do campus, Francisco José de Abreu Machado, não soube avaliar os prejuízos para as pesquisas realizadas

Até a Universidade Federal do Ceará (UFC) foi atingida com a forte chuva de ontem. No campus do Pici, o Açude Santo Anastácio transbordou, provocando alagamento da Estação de Piscicultura e do Centro de Biotecnologia em Aquicultura, no Centro de Ciências Agrárias.

Equipes da prefeitura do campus e alunos tentaram minimizar os danos, mas o prefeito do local, Francisco José de Abreu Machado, não soube avaliar os prejuízos para as pesquisas realizadas nas duas unidades.

O gestor denuncia que o mato e lixo levado pela chuva estão entupindo as saídas do canal. A queixa é a mesma do diretor do Centro de Ciência Agrárias, Luís Antônio Maciel de Paula, que atribui o desastre a dois motivos: a grande quantidade de chuva num curto período de tempo e a ação humana.

Segundo afirma, o lixo é jogado no açude por pessoas das comunidades vizinhas ao campus. "Até uma máquina de lavar estava impedindo o escoamento da água pelo canal. Vimos também passar restos de um sofá", destaca. Com o canal do sangradouro interrompido, acrescenta o diretor, a água não teve como passar para o riacho Alagadiço, como ocorre normalmente, e invadiu a área das Ciências Agrárias.

Outra região bastante atingida com a chuvarada desta terça-feira na Capital foi a Secretaria Executivas Regional (SER) V, que registrou 47 ocorrências, sendo 22 de alagamentos, 17 inundações, três riscos de desabamentos, dois desabamentos, dois incêndios e um risco de incêndio. Somente no bairro Genibaú, 23 atendimentos foram feitos pela Defesa Civil.

Açude sangra
Ontem, mais uma açude sangrou no Ceará. Trata-se do Ubaldinho, localizado no município de Cedro, a 430 Km de Fortaleza. O reservatório foi o sexto a atingir a capacidade máxima em 2012. Mais dois açudes estão próximos de sangrar: o Tijuquinha, em Baturité, que está com 98,89% da capacidade, e o Trussu, em Iguatu, com 94,36%.

O Açude Tijuquinha foi o primeiro a sangrar neste ano, transbordando pela segunda vez no dia 26 de fevereiro. Os dados são da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), que, em parceria com o Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (Dnocs), monitora 138 açudes do Ceará. De acordo com dados do monitoramento, o acúmulo total de água é do conjunto dos reservatórios é de 69,91%.

O último reservatório que atingiu a capacidade máxima foi o Muquém, localizado no município de Cariús, a 411 Km da Capital. Outros três reservatórios permanecem sangrando: Valério, em Altaneira, Rosário, em Lavras da Mangabeira, e Junco, no município de Granjeiro.

23 famílias ficaram desalojadas na SER III
A região mais atingida pela forte chuva que castigou Fortaleza ontem, foi a Secretaria Executiva Regional (SER) III, que abrange doze bairros. A Defesa Civil de Fortaleza atendeu 70 ocorrências somente nesta área. Pelo menos 23 famílias ficaram desalojadas, totalizando cerca de 106 pessoas.

Cristiano Férrer, chefe da Defesa Civil da Regional III, comenta que um dos agravantes foi a maré alta. "O problema é que o Rio Maranguapinho atravessa toda a Regional III e todos os canais desembocam nele, que desemboca no mar", explica.

Férrer destaca que a primeira medida tomada pela equipe da Defesa Civil foi retirar as famílias de dentro d´água e colocá-las num local seguro. Ontem, às 17h, foi iniciado o trabalho de abastecimento das famílias que estavam em abrigos provisórios. Alguns foram para casa de parentes e o restante para uma igreja evangélica no Quintino Cunha.

Quatro pontos da SER III sofreram processo de erosão, um deles na Avenida Rui Monte, no Antônio Bezerra e outro na Rua Pio Saraiva, no Quintino Cunha.

Com a forte precipitação que ocorreu num curto período de tempo, o nível do canal Noel Rosa, no Jóquei Clube, transbordou, deixando sete famílias ilhadas. Uma forte correnteza se formou, passando por cima da Rua Jóquei Clube. No local, uma barragem está sendo construída, mas ainda não foi finalizada.

Drama
A dona de casa Geralda do Nascimento Pio, 66 anos, que há 38 anos mora no local, reclama que a situação é crítica. "Passei a noite em claro com medo da casa cair, está cheia de rachaduras", conta, aflita. Indignada, a dona de casa denuncia que o problema do Canal Noel Rosa já deveria ter sido resolvido e se queixa da obra da barragem, que está inacabada. "Mediram até o poste, mas só fizeram a barragem até a metade das casas. Avisei que, na primeira chuva forte, iria alagar tudo", afirma.

Na Regional III, foram registrados 33 alagamentos, 29 inundações, quatro desabamentos, três riscos de desabamentos e um incêndio. O Quintino Cunha, onde houve 18 ocorrências, foi bairro mais afetado, seguido do Dom Lustosa (13), Antônio Bezerra (7), Autran Nunes (7), Henrique Jorge (6), Pici (6), Bela Vista (3), João XXIII (3), Presidente Kennedy (2), Jóquei Clube (2), Rodolfo Teófilo (2) e Bom Sucesso (1).

LUANA LIMAREPÓRTER 

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