quarta-feira, 14 de março de 2012

Docentes do Ceará: Categoria ganha pior salário inicial

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1114861
14.03.2012

O professor graduado da rede estadual de ensino que inicia a carreira no Ceará tem o quarto pior vencimento base, em comparação com os outros nove Estados do Norte e Nordeste que também recebem o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Já a remuneração final dos educadores especialistas é a quinta pior. A pesquisa é da Associação dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc).

De acordo com o presidente da Apeoc, Anízio Melo, dentro do universo destes dez Estados, a pesquisa focou nos salários e remunerações do início e fim da carreira de cada um dos níveis dos mestres. "As duas últimas pesquisas eram nacionais, e não podemos comparar alguns Estados com o nosso. Por isso, agora, fizemos a comparação com locais com histórico e economia parecidas com a nossa", afirma.

Segundo os dados reunidos pelo sindicato, somente Bahia, Piauí e Pernambuco têm um vencimento base pior do que os professores cearenses. Já Alagoas, Maranhão, Amazonas, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pará pagam melhores salários.

Os mestres especialistas da Bahia, Maranhão, Alagoas, Pará e Amazonas têm uma remuneração final maior do que as do Ceará. Apenas Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Piauí possuem salário menor.

Mas nem todos os resultados da pesquisa são negativos. O vencimento base inicial dos educadores com mestrado no Ceará é o maior dentre todos os pesquisados, assim como o vencimento base e remuneração inicial dos mestres com doutorado.

Melo chama atenção para o fato de que apenas 3% dos professores da rede estadual de ensino são mestres ou doutores e 96% são mestres graduados ou especialistas. "A maioria está onde identificamos os problemas".

O presidente da Apeoc acrescentou que o sindicato quer continuar dialogando com o governo e pretende debater sobre o resultado da pesquisa.

Conforme um dos responsáveis pelo relatório, o assessor técnico da Apeoc, André Carvalho, o estudo foi baseado nas leis dos Estados. "Aspectos das carreiras foram levados em conta", frisa.

Negociações
A titular da Secretária Estadual da Educação (Seduc), Izolda Cela, afirmou que os números que foram apresentados pela Apeoc já eram de conhecimento de todos desde os diálogos do ano passado. "A negociação garantiu 15% de aumento para os professores. Este aumento foi linear para toda a categoria, algo inédito, e foi uma escolha do sindicato", explicou a secretária.

Além disso, ela comentou que, nas negociações entre professores e Governo do Estado, em 2011, foi firmado que, neste ano, 77% do Fundeb será aplicado nos educadores do Estado. Antes disso, já eram investidos, em média, 65% e 66%. A lei obriga um investimento de 60%.

"Em 2011, foi decidido, em ata assinada, que, em outubro deste ano, será realizada uma mesa de negociação com o sindicato e, depois, será feita uma análise do orçamento. Fizemos isso porque, nesta época do ano, teremos números mais seguros em relação às despesas e lucro que teremos e, assim, veremos de qual recursos vamos retirar o valor destinado aos 77%", disse Izolda Cela.

Também será discutido, na negociação, a elevação do salário inicial e a progressão dos mestres especialistas.

Profissionais organizam paralisação
Nos próximos dias 14, 15 e 16, os professores da rede estadual de ensino paralisarão as suas atividades com o objetivo de protestar por melhorias no piso salarial da categoria, confirmou a Associação dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc).

No dia 14, as paralisações acontecem na Região Norte, com foco em Sobral. Já no dia 15, o evento acontece no Centro Sul e Cariri e, por fim, no dia 16, será a vez da Capital e Região Metropolitana de Fortaleza.

No último dia, haverá um debate para discutir o piso e, às 15h, acontece uma passeata que começará na Praça da Bandeira, Centro, seguindo até a Praça do Ferreira. "Será feito um debate com a sociedade sobre o nosso piso", frisou o presidente da Apeoc, Anízio Melo.

Ele acredita que, nesta atual situação, é preciso que seja discutida a possibilidade de financiamento dos salários, federalizar a carreira dos educadores e criar fundo de equalização. "Temos que criar recursos para que seja possível chegar ao piso", afirmou Melo.

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