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Os campos de concentração nazistas, como todo mundo sabe, foram palco de atrocidades que ultrapassam todos os limites da perversidade humana. O mais triste é que detalhes do que acontecia nesses locais abomináveis ainda estão vindo à tona, como é o caso de documentos recém-divulgados no Reino Unido que revelam, por exemplo, que o canibalismo era largamente praticado pelos prisioneiros.
De acordo com um artigo publicado pelo portal Vice, os documentos trazem testemunhos de cidadãos britânicos que sobreviveram aos campos de extermínio e entraram com pedidos de compensação econômica entre os anos de 1964 e 1965. No total, cerca de 4,2 mil pessoas solicitaram indenizações — embora apenas 1.015 tenham recebido algum dinheiro —, e os detalhes sórdidos de suas experiências que constam nos requerimentos só foram divulgados agora.
Lei da sobrevivência
Entre os relatos tornados públicos está o de um homem chamado Harold Le Druillenec, que foi o único britânico a sair com vida do campo de concentração de Bergen-Belsen. Harold passou 10 meses no local e tinha como atividade “despejar” corpos em valas comuns. O sobrevivente relatou ainda que as covas eram cavadas por pessoas de fora do campo, já que os prisioneiros não tinham mais forças para esse tipo de trabalho.
Uma das valas comuns de Bergen-Belsen
Segundo o testemunho de Harold, foi em Belsen que ele ouviu a expressão “só há uma forma de sair daqui: através da chaminé”, que fazia referência às câmaras de gás e ao crematório. Além disso, ele contou que, quando a noite caía no campo, quem não matava podia ser morto por outro prisioneiro — e, durante o dia, o canibalismo corria solto.
Harold também revelou os métodos mais comuns usados pelos nazistas para eliminar os prisioneiros — que incluíam o espancamento, o afogamento e até a crucificação — e disse que as tentativas de suicídio eram duramente punidas, já que os detentos não tinham poder de decisão sobre suas mortes. Segundo o sobrevivente, no tempo em que esteve em Belsen, ele jamais presenciou um suicídio.
Dia em que o campo foi finalmente libertado
Durante o tempo em que esteve preso, o britânico perdeu metade de seu peso corporal e sofreu com as consequências de seu período em Belsen — com desnutrição, sarna, sepse etc. — por quase um ano após sua libertação. Só a título de curiosidade, estima-se que mais de 70 mil pessoas tenham morrido em Bergen-Belsen entre os anos de 1941 e 1945.
Mais testemunhos
Outro relato chocante foi o de uma mulher chamada Elizabeth Spira, naturalizada britânica. Ela foi prisioneira do campo de concentração de Theresienstadt, que ficava na cidade de Terezin, na atualRepública Tcheca. Segundo Elizabeth, as crianças do campo se recusavam a entrar no edifício no qual se encontravam os chuveiros — já que elas viam seus pais nunca mais sair de lá —, e se agarravam às portas quando eram forçadas a entrar.
Crematório de Theresienstadt
Em certa ocasião, Elizabeth e outras mulheres conseguiram convencer as crianças a entrar e deixaram todas limpinhas. Mas, depois que elas perderam o medo do local, todas foram novamente levadas ao interior e mortas pela exposição ao gás.
Detalhe de um dos alojamentos de prisioneiros
Calcula-se que, das cerca de 144 mil pessoas enviadas a Theresienstadt, mais de 30 mil tenham morrido. Além disso, aproximadamente 88 mil dos prisioneiros foram transferidos para Auschwitz, e das cerca de 15 mil crianças que foram mandadas para lá, apenas 93 foram encontradas com vida quando o campo foi libertado. Por certo, ao final da guerra, dos 144 mil prisioneiros originais, Theresienstadt contava com pouco mais de 17 mil sobreviventes.
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