26.01.2013

Moradores de diversos locais da Cidade estão utilizando ventiladores para repelir os mosquitos, implicando no aumento do consumo de energia FOTO: KELLY FREITAS
Uma consequência direta das chuvas alternadas, da alta temperatura e do acúmulo de água suja é aumento no número de mosquitos Culex, mais conhecidos como muriçocas, em várias áreas da cidade. Quando o relógio marca 18h, moradores de bairros como Aerolândia, Monte Castelo, Papicu, Cocó, Vicente Pinzón e Vila União sabem que os mosquitos vão incomodar.
As muriçocas sempre foram um problema para a dona de casa Nédna Barbosa, que mora no bairro Monte Castelo, próximo ao açude João Lopes. Contudo, nos últimos três meses, a situação piorou. "A gente já não sabe mais o que fazer. Elas estão atacando até de dia. Já tentamos usar veneno, estamos usando ventilador constantemente, mas nada resolve", disse.
Ela mora com a mãe, Judite Augusta Barbosa, de 93 anos e, por conta das picadas dos mosquitos, a idosa teve que ser internada. "Minha mãe se engasgou com leite e tenho quase certeza que foi pela aflição de tanta coceira. Ela estava toda cheia de caroço, fazia pena".
A dona de casa Andrelina Felipe mora no bairro há 20 anos e também sofre com a quantidade de mosquitos. "Tenho três crianças em casa e tenho que passar repelente todos os dias, senão eles ficam cheios de marcas e muitas vezes se ferem. Minha energia está até mais cara, porque a gente não tem como desligar os ventiladores", destaca.
No Bairro de Fátima, o quadro não é diferente. O empresário Jorge Wilson Furtado Miranda tem deixado a casa trancada para evitar que os mosquitos entrem. "De três meses para cá, a gente não abre mais as janelas depois do meio-dia. Neste ano, está demais e não é só aqui. Fui na casa de uns amigos no Papicu e está do mesmo jeito", revela.
Para o empresário, o aumento no número de mosquitos tem relação com a sujeira nos canais do entorno. "Neste ano, não vimos se o canal da Aguanambi foi limpo e tem muito mato no Parreão, aqui próximo à rodoviária", explica.
Na Aerolândia, a dona de casa Jucilene Linhares se surpreendeu com a quantidade de muriçocas nos últimos três meses. "Aqui, não tinha muriçoca de jeito nenhum mas, de três meses para cá, a gente não consegue mais dormir de noite e elas atacam até de dia", reclama.
Ventilador
Para prevenir as picadas, Jucilene está com os ventiladores ligados de dia e à noite e comprou mais um aparelho. "O meu filho trabalha à noite e, para ele dormir, a gente deixa os ventiladores ligados de dia também. O problema é que a conta de energia está mais cara. Estamos pagando R$12 a mais, por causa dos aparelhos novos".
Em virtude do uso dos ventiladores, Jucilene contraiu uma alergia. "Ainda não sei o que é, mas todos os dias eu acordo espirrando muito e com os olhos vermelhos. Talvez seja porque antes não tinha o costume de usar ventilador. Eu não gostava", enfatiza.
A mãe de Jucilene, Rita de Cássia Marques, de 71 anos, também se queixa por não conseguir mais dormir. "Com o ventilador, elas não mordem no rosto, mas as pernas e os pés estão vermelhos de tantas picadas". Na casa da nora de Jucilene, que também mora na Aerolândia, além dos ventiladores, também estão usando o véu e repelente. "De tardezinha, o véu chega é preto de tanta muriçoca".
Prejuízos
Há mais de 20 anos, o comerciante Antônio das Chagas Campos trabalha no Parque do Cocó, próximo à Rua Andrade Furtado, e nunca tinha presenciado tantos problemas com muriçocas. Hoje, ele é obrigado a fechar o seu comercio às 18h devido aos mosquitos. "Faz mais de um mês que esse problema começou. Todo mundo que passa por aqui é picado. Estou tendo prejuízos, porque os meus clientes não aguentam mais", frisou.
Agora, a expectativa de Campos é que a Prefeitura faça algo para amenizar a situação, pois ele e seus clientes já fizeram tudo que podiam.
No Posto de Combustível, localizado no cruzamento das avenidas Padre Antônio Tomás e Sebastião de Abreu, os funcionários já não aguentam mais ser atacados pelas muriçocas diversas vezes todos os dias. "Temos sorte, porque o nosso chefe comprou repelente para que possamos passar no corpo. Sem isso, a situação estava insuportável", diz a atendente Ivanei Matos.
Para o professor do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece), dermatologista René Freire, é importante prevenir as picadas do que tratar as lesões. "Uma mordida de inseto pode ser mais séria do que parece. Em alguns casos, o tratamento é feito com pomadas à base de corticoides".
René Freire ainda chama a atenção para os produtos que prometem exterminar o inseto. "Sprays e espirais para espantar mosquitos são contraindicados porque podem causar intoxicação e até doenças hematológicas. O ideal é usar repelentes e, no máximo, reaplicá-los três vezes ao dia", sugere.
A assessoria de comunicação da Prefeitura informou que combater muriçocas não é uma das atribuições do órgão e que o surgimento delas nessa época é devido à mudança climática.
KELLY GARCIA/ THIAGO ROCHA
REPÓRTERES
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