domingo, 5 de agosto de 2012

Motoristas reclamam da qualidade do asfalto

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
05.08.2012


Condutores de veículos afirmam que, após as inúmeras reformas nas vias, não é utilizado o material adequado
As ruas e avenidas de Fortaleza se transformaram em verdadeiros canteiros de obras. São intervenções para pavimentação, restauração, recapeamento e outros aspectos visando a melhoria da mobilidade urbana na Capital, principalmente em virtude da Copa do Mundo de 2014. No entanto, como consequência dessas obras, o asfalto que é recolocado em muitas dessas vias tem deixado vários motoristas insatisfeitos.

Na Avenida Raul Barbosa, no bairro Aerolândia, após troca de uma tubulação, realizada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), a população informa que o desnivelamento existente na via incomoda FOTO: RODRIGO CARVALHO

Na Avenida Raul Barbosa, por exemplo, o trecho onde a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) realizou obras para a troca de uma tubulação foi liberado recentemente. Na via, onde passam, diariamente, milhares de carros, motos, ônibus e caminhões, o asfalto novo não tem agradado os condutores, que reclamam, sobretudo, do desnivelamento do material e da falta de aderência.

É o caso do auxiliar administrativo Rafael Carvalho, de 27 anos, que utiliza a avenida de três a quatro vezes ao dia, muitas dessas, em cima de uma moto. O rapaz alega que, para os motoqueiros, a situação é mais arriscada, uma vez que o asfalto sem aderência deixa a pista mais escorregadia, principalmente quando chove. "Fica mais fácil de cairmos. O piso com brita é bem melhor para andar", avalia ele, que acrescenta o fato de o material estar com ondulações tornar a passagem pelo local ainda mais arriscada.

O Borracheiro Reginaldo Soares, 33 anos, compartilha da mesma informação. Segundo ele, o novo asfalto propicia mais derrapagens, além de tornar mais fácil o surgimento de buracos na via. "O material não é de boa qualidade. Aqui, na avenida, existem vários locais com remendos".

O caminhoneiro Fábio Antonio de Azevedo, 36 anos, se utiliza da via de duas a três vezes por semana, e considera que, em se tratando de veículos pesados como o seu, a malha viária acaba se desgastando ainda mais com o passar do tempo. O motorista critica, ainda, o trabalho realizado para tapar os buracos, que, segundo diz, não é feito da forma apropriada. "Eles só cobrem com o material e passam a máquina", observa ele.

Usuários
Em outro local da cidade, na Avenida Alberto Craveiro, a situação em que se encontra o asfalto também não agrada aos usuários. De acordo com o motorista Mastrângelo de Queiroz, que trabalha com entregas e trafega constantemente pela via, o problema decorre da falta de investimento para os trabalhos. "Nossas pavimentações são muito precárias, deveríamos ter um material de melhor qualidade. Na Copa do Mundo, o fluxo de veículos vai ser intenso, e, se não tivermos um bom material, a pista não vai suportar", diz.

Em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura (Seinf) informou que o asfalto usado no recapeamento de vias de grande tráfego na Capital é aplicado o tipo Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), que leva brita, e o utilizado na Operação Tapa Buracos é do tipo Areia Asfalto Usinada a Quente (AAUQ), que tem a aparência mais lisa por não possuir a brita.

No entanto, conforme a Seinf, não há diferença de qualidade nos dois tipos de asfalto, que passam por controle de qualidade nas fases de produção e aplicação. Segundo a nota, a Universidade Federal do Ceará (UFC) colaborou com a implantação de um laboratório de testes na Usina de Asfalto, e o material vai às ruas somente após aprovação nesses testes.

Problemas
O comunicado explica, ainda, que os problemas de reabertura de buracos nas vias não são causados pela qualidade do asfalto, mas, sim, o sistema de drenagem historicamente insuficiente na cidade de Fortaleza. Para minimizar o problema, a Prefeitura está investindo, através do Programa Municipal de Drenagem Urbana (Drenurb), um total de R$ 265 milhões no sistema de escoamento de águas da chuva, já que o contato da água com o asfalto, associado ao intenso fluxo de veículos, desgasta a malha viária.

De acordo com as informações da Seinf, 33 equipes da Prefeitura de Fortaleza trabalham, diariamente, em serviços de recapeamento e recuperação em toda a cidade. Entre os meses de janeiro e junho deste ano, segundo ressalta o órgão, foram produzidos cerca de 194 mil toneladas de asfalto, material equivalente para recuperar 299 quilômetros de vias.

RENATO BEZERRA 
ESPECIAL PARA CIDADE

Nenhum comentário:

Postar um comentário