19/03/2016
Pelo menos 170 pessoas são investigadas por comercializar o próprio vale-transporte eletrônico
Uma máfia de comércio ilegal de Passcard e de Bilhete Único, em Fortaleza, é investigada pela Polícia Civil. Trabalho iniciado há dois meses pela Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) resultou em seis prisões em flagrante durante operação realizada ontem, no Terminal da Parangaba. Mais 170 pessoas, titulares de cartões apreendidos na ação, serão investigadas. Outras 11 pessoas foram indiciadas anteriormente, em onze inquéritos. As informações são do titular da DDF, Jaime de Paula Pessoa.
Segundo informações do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), trabalhadores que têm direito ao benefício vendem os cartões em busca de renda extra. O cartãozeiro, como é chamado, compra o cartão por um preço bem abaixo do mercado, comercializa por um valor intermediário, que ainda é mais barato do que o valor da passagem, e lucra com isso.
O superintendente técnico do vale-transporte do Sindiônibus, Paulo César, denuncia que os grupos intimidam e ameaçam funcionários dos terminais, que temem represálias e não coíbem a ação criminosa. Ele explica que, anteriormente, os grupos atuavam com usuários de Passcard.
No entanto, com a chegada do Bilhete Único, da Prefeitura de Fortaleza, a fraude passou a ter lucro “milionário”, tendo em vista que o cartão, que é pessoal e intransferível, permite que o usuário embarque em vários ônibus em um período de duas horas. Paulo César enfatiza que, para o Bilhete Único, é necessário inclusive o cadastro biométrico, com reconhecimento por meio do rosto.
281 usos em duas horas
O delegado Jaime de Paula diz que o Sindiônibus bloqueou, em 2015, 45 mil cartões pelo uso indevido. Ao todo, existem 900 mil cartões. “Em um único cartão constatamos 281 registros em duas horas. Em outro, 251. São homens que passavam no lugar de mulheres e mulheres que passavam no lugar de homens. Temos o registro fotográfico de todos eles”, diz o delegado Jaime de Paula.
Conforme o responsável pela investigação, o grupo se organizou para monopolizar o espaço e tem tabelas com o nome das pessoas que vendem os cartões. No esquema, os cartãozeiros fazem rodízio nos pontos de venda, sendo que cada um vende passagens a dez clientes e depois passa a vez para outro.
Foram presos em flagrante João Mairo Miranda Chaves, 20, Maria Elenice de Maria Freitas, 26, Paulo Roberto de Barros, 28, Natannael Thiago Oliveira Nascimento, 27, Elisvaldo Franklin Passos, 25 e Ricardo Alcântara Soares, 33. Paulo Roberto já responde por roubo. Os outros não têm antecedentes criminais. Todos os presos foram autuados por estelionato e crime contra a economia pública.
Saiba mais
Bloqueio
A lei que regulamenta o uso do Bilhete Único diz que, quando usado de forma indevida, o benefício é imediatamente bloqueado. No entanto, o usuário pode desbloquear em menos de 24 horas. Na segunda vez que ele utiliza para outros fins, são 30 dias com o benefício suspenso. Na terceira vez, 90 dias e na quarta, 180.
O benefício é suspenso definitivamente somente após a quinta fraude.
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