12/03/2016
Quatro meses após o episódio em que 11 pessoas foram mortas e outras sete ficaram feridas na Grande Messejana, CGD já ouviu 200 testemunhas. Expectativa é que o inquérito seja remetido ao MPCE ainda este mêsThiago Paivathiagopaiva@opovo.com.br
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) já ouviu, aproximadamente, 200 pessoas sobre a Chacina da Grande Messejana, que completa hoje quatro meses. Até agora, porém, ninguém foi preso por envolvimento na execução de 11 pessoas ou pela lesão de outras sete.
O POVO apurou, contudo, que o inquérito sobre o caso deve ser concluído ainda este mês, quando os autos serão encaminhados ao Ministério Público do Estado (MPCE). Isso porque uma parte das perícias solicitadas à Polícia Federal, cujos resultados são considerados imprescindíveis para a apresentação das denúncias, já foi concluída.
“A previsão é que esses laudos sejam entregues o mais rápido possível. Acreditamos que, até a próxima semana, eles devam ser concluídos e o caso poderá ser encaminhado ao MPCE. Mas essa é apenas uma previsão”, disse uma fonte que participa das investigações e falou ao O POVO sob condição de sigilo.
Após o encaminhamento do inquérito, caberá aos três promotores de Justiça que acompanham o caso decidir se há ou não elementos suficientes para a apresentação das denúncias. Conforme O POVO antecipou, ainda no dia 3 de dezembro, pelo menos 35 policiais militares participaram diretamente da ação criminosa. Entretanto, considerando os casos de agentes que deram apoio ou não intervieram na ação criminosa, pode chegar a 50 o total de servidores investigados.
A controladoria, entretanto, não descarta a participação de policiais civis na ação. O POVO apurou que não há indícios suficientes que caracterizem a participação de agentes da Polícia Judiciária nos crimes, mas alguns deles estão sendo investigados. Também é bastante provável que pessoas de fora das corporações sejam denunciadas por envolvimento nas execuções.
Documentário
A história da barbárie que se abateu sobre bairros da Grande Messejana virou documentário que será exibido hoje, simultaneamente, em três unidades da Rede Cuca. O filme colaborativo foi produzido pelo Nigéria, coletivo de mídia alternativa, em parceria de grupos de jovens da periferia, como o Zóio e o Voz e Vez das Comunidades. Com duração de 26 minutos, o documentário reúne depoimentos de moradores dos bairros Curió, Alagadiço Novo, São Miguel e Messejana.
Serviço
Estreia de Onze - A maior chacina da história do Ceará
Quando: hoje
Horário: às 14h30min (Cuca Jangurussu) e às 15 horas (Cucas Barra e Mondubim)
Onde: Cuca Jangurussu (avenida Castelo de Castro, 9), Cuca Barra (av. Presidente Castelo Branco, 6417), Cuca Mondubim (rua Santa Marlúcia, s/n)
Programação gratuita.
Informações: (85) 3105 1464
Saiba mais
A Polícia Federal está dando apoio científico à CGD com a realização de exames balísticos em 11 cartuchos de munições de calibre 12, 380 e ponto 40 que foram recolhidos por testemunhas e entregues à Controladoria e à Polícia Civil.
As investigações a CGD apontam que as mortes seriam uma “demonstração de força” dos policiais em retaliação à morte do soldado Valterberg Serpa, baleado na cabeça durante uma tentativa de assalto, na Lagoa Redonda, poucas horas antes da chacina. Indignados, os agentes teriam se convocado, por redes sociais, para dar uma “resposta” ao assassinato. Em carros descaracterizados e com o apoio de algumas viaturas da Polícia Militar, eles teriam executado as vítimas.
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