13/03/2016
Cem anos após Albert Einstein prever a existência de ondas gravitacionais, a confirmação da teoria abre a possibilidade para cientistas compreenderem cada vez mais o universo
“Nós conseguimos”. Com essas palavras, o físico americano David Reitze anunciava ao mundo no último dia 11 de fevereiro que as ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein em sua Teoria Geral da Relatividade há 100 anos haviam sido detectadas pela primeira vez. David é diretor do projeto do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (Ligo, sigla em inglês), que fez a descoberta nos EUA. Mas qual o real significado dos novos achados e por qual razão elas sacudiram a ciência?
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“A detecção das ondas gravitacionais abriu uma nova janela no universo, um novo jeito de olhar pela galáxias distantes. Foi como depois de uma vida olhando filmes mudos, ter um filme com som. Agora podemos descobrir objetos astrofísicos que não emitem ondas eletromagnéticas, pois é possível ‘ouvir’ coisas até no escuro”, explicou Riccardo Sturani, pesquisador italiano radicado no Brasil, que trabalha na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e colaborador do projeto Ligo.
Nenhum exemplo para explicar o que são essas tais ondas é mais representativo do que a analogia das marolas formadas quando se atira uma pedra dentro de um lago. As ondas gravitacionais (marolas) são na verdade consequência de eventos (pedra) ocorridos em algum ponto do tempo-espaço (lago). As que foram captadas pelos pesquisadores do Ligo, por exemplo, são fruto da colisão de dois enormes buracos negros (com massas de 29 a 36 vezes maiores que a do sol) que se chocaram há 1,3 bilhão de anos-luz da Terra. Além disso, essas ondas gravitacionais ocasionam distorções no espaço-tempo, como previsto por Einstein.
Até a descoberta anunciada no último mês, os pesquisadores de todo o mundo investigavam o universo apenas por meio de ondas eletromagnéticas. A partir de agora, com a detecção das ondas gravitacionais, os cientistas podem enxergar objetos que não emitem luz ou radiação eletromagnéticas e que antes não podiam ser vistos.
Ondas gravitacionais são tão difíceis de ser detectadas que foi necessário um evento da magnitude de uma colisão de buracos negros para que elas pudessem ser observadas e medidas com a tecnologia disponível na Terra. E tudo isso apenas um século depois de Einstein ter previsto a existência delas.
Mesmo que de maneira tímida e em um futuro distante, a descoberta abre a possibilidade de investigar as ondas gravitacionais geradas no Big Bang e elucidar melhor o surgimento do universo.
Mesmo que de maneira tímida e em um futuro distante, a descoberta abre a possibilidade de investigar as ondas gravitacionais geradas no Big Bang e elucidar melhor o surgimento do universo.
“As fonte das ondas gravitacionais como pares de buracos negros são bem mais recentes que o universo primordial, mas podem também levar informação sobre como o Universo se expandiu no período ‘recente’, desde alguns bilhões de anos até agora”, complementa Sturani.
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