12/09/2015
Peça-chave no esquema de corrupção da Petrobras, o doleiro Alberto Youssef disse que o pagamento foi negociado com Janene, morto em 2010
LULA MARQUES/ AGÊNCIA PT
Acareação entre o doleiro Alberto Youssef (direita) e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa
Em depoimento à Polícia Federal, o doleiro Alberto Youssef afirmou que o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), recebeu US$ 150 mil para se filiar ao partido.
Um dos principais personagens da Lava Jato, Youssef disse que a verba foi acertada com o ex-deputado José Janene (PP), morto em 2010, e que não teria saído do esquema de corrupção da Petrobras. A origem do dinheiro seria “recursos próprios”, obtidos a partir do esquema conhecido como Banestado.
Youssef relatou ainda que em 2011 foi chamado por Ciro Nogueira para uma reunião na casa do parlamentar para discutir “conflito interno do PP” por conta dos recursos indevidos do esquema de corrupção da Petrobras. Na reunião, o doleiro disse que recomendou que os dois grupos do PP que disputavam o comando da legenda deveriam chegar a um consenso e parar com exposição da briga interna do partido.
O pagamento de dinheiro desviado da Petrobras a congressistas do PP provocava brigas e obedecia a uma espécie de tabela de preços proporcional à força política de cada um, disse o doleiro Alberto Youssef em delação.
Segundo o doleiro, líderes do PP recebiam entre R$ 250 mil e R$ 500 mil por mês, enquanto “demais parlamentares recebiam entre R$ 10 mil e R$ 150 mil conforme sua força política dentro do partido”.
Youssef era o operador do PP na diretoria de Abastecimento, então sob Paulo Roberto Costa. Ele intermediava propina de empreiteiras a Costa. Um percentual ia para o PP.
Após a morte de Janene, Mario Negromonte é apontado por Youssef como o novo líder do grupo. Quando o grupo de líderes tomou o comando, passou a sobrar menos dinheiro para os demais, disse Youssef.
Houve então rebelião de outro grupo, que tomou o comando - formado pelos senadores Ciro Nogueira (PI) e Benedito Lira (AL) e pelos deputados Arthur Lira (AL), Eduardo da Fonte (PE) e Aguinaldo Ribeiro (PB), ex-ministro das Cidades.
O novo grupo decidiu afastar o doleiro. Segundo a Procuradoria, pagamentos eram feitos em espécie, por transferência bancária, depósitos no exterior ou doações de campanha.
Nogueira afirma que as declarações de Youssef são “denúncias irresponsáveis”. Diz que jamais ouviu falar em propina e que os quadros da sigla foram citados por supostas irregularidades envolvendo doação de campanha.
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