Estudo israelense com 289 jovens apontou que cerca de 80% dos adolescentes utilizam MP3 regularmente
29.01.2012
Muitas pessoas utilizam o aparelho em um volume alto e durante várias horas
Estudo da Universidade de Tel Aviv, em Israel, divulgado na revista científica internacional Journal of Audiology, revela que um em cada quatro adolescentes corre o risco de sofrer perda auditiva precoce em consequência do uso de tocadores de MP3.
Os cientistas israelenses analisaram os hábitos de jovens ao ouvir música e mediram os níveis de volume. Os resultados comprovaram o que os médicos e especialistas vêm alertando. O uso abusivo de dispositivos de MP3 pode acarretar, a longo prazo, efeitos nocivos à audição.
A primeira fase do estudo incluiu 289 participantes com idades entre 13 e 17 anos, que relataram sobre o volume e a duração do uso dos aparelhos. Na segunda fase do estudo, foram feitos exames de audição em 74 desses jovens e os resultados preocupam bastante.
Cerca de 80% dos adolescentes utilizam o MP3 regularmente. Destes, 20% usam o aparelho por mais de uma hora e por menos de quatro. Já 8% dos jovens ultrapassam as quatro horas.
A coordenadora da pesquisa, Chava Muchnik, acredita que, em dez ou 20 anos, uma geração inteira estará sofrendo de problemas auditivos muito mais cedo que o esperado por conta do envelhecimento natural. A estudiosa prevê que pessoas com 30 ou 40 anos de idade já serão diagnosticadas com problemas de audição bem mais cedo que nas gerações anteriores.
Prática diária
Os fones de ouvido passaram a fazer parte da vida do estudante de Publicidade Carlos Deivison Arruda, 23, quando ele tinha 16 anos, ainda na época do walkman e do discman. Quem se aproxima de Deivison quando ele está ouvindo música em seu celular pode perceber o barulho facilmente.
"Só escuto no volume máximo. No começo era ruim porque sentia dores de cabeça e, às vezes, quando tirava o fone, sentia um zumbido. Depois me acostumei. Atualmente, utilizo o fone por cerca de três horas por dia", afirma, dizendo que sabe que o uso em excesso é prejudicial, mas nunca levou a sério.
"Já tive dificuldades para ouvir em alguns momentos, e pedi para a pessoa repetir a fala porque não entendi. Vou procurar usar menos e com um volume menor", promete o estudante.
O professor de Otorrinolaringologia do curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcos Rabelo, explica que a exposição contínua a níveis de ruído superiores a 85 decibéis pode causar perda progressiva da audição. Segundo ele, com nível sonoro de 85 decibéis, o usuário pode ouvir oito horas de música ininterruptamente; 95 decibéis, quatro horas; 100 decibéis, duas horas; e 105 decibéis, apenas uma hora. "O tempo em que a lesão acontece é proporcional à intensidade sonora e ao período de exposição".
Por outro lado, o médico informa que o uso diário do fone de ouvido com nível de ruído igual a 85 decibéis por um período de dez anos pode comprometer a audição do indivíduo.
O especialista também chama atenção para o fato de os aparelhos não possuírem medidas de decibéis. Por isso, Rabelo afirma que as pessoas devem procurar sempre utilizar o fone em um volume médio, confortável ao ouvido, mesmo que estejam acostumadas a ouvir numa alta intensidade.
Por segurança, o usuário do aparelho não deve chegar ao volume máximo do tocador digital. O ideal é que o mesmo alcance até 60% da capacidade.
ENQUETE
Cuidados ao utilizar os aparelhos"Utilizo o fone todos os dias, mas apenas para caminhar e fico, no máximo, duas horas ouvindo música. Procuro ouvir num volume baixo, porque sei dos danos que o uso em excesso pode causar à audição"
Geovana Mara AsquimProfessora
"Sempre gostei de ouvir música por meio do fone, mesmo antes do surgimento do MP3. Escuto direto, cinco horas por dia aproximadamente. No entanto, tenho o cuidado de colocar o aparelho em um volume médio"
Renato LisboaUniversitário
"Não uso o fone de ouvido todos os dias. Somente três vezes por semana, quando estou fazendo alguma atividade física. Escuto a música sempre em um volume médio para não ter nenhum problema de audição"
Otaviano FeitosaAdvogado
RAONE SARAIVAESPECIAL PARA CIDADE
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